Reduzir a burocracia aduaneira será fundamental para garantir a competitividade da Rota Bioceânica no futuro. Essa foi a mensagem do presidente da Fiems, Sérgio Longen, na abertura do Seminário Internacional da Rota Bioceânica e do 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico, sediados em Campo Grande.
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Ao falar para uma plateia lotada no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, nesta terça-feira (18/02), o líder empresarial chamou a atenção para a necessidade de simplificar processos aduaneiros para efetivamente transformar a Rota Bioceânica em um dos maiores corredores comerciais da América do Sul.
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“Se não avançarmos na modernização dos trâmites alfandegários, corremos o risco de ver esse grande projeto esbarrar em barreiras criadas por nós mesmos. Vamos economizar tempo com a rota, mas precisamos nos preocupar com a forma como a carga será movimentada, quer na saída do Brasil, quer na chegada em cada um dos países envolvidos. Cada governador que está aqui hoje tem o papel fundamental de reduzir esses entraves nos seus estados, para que não se criem burocracias além daquelas que já existem”, declarou Longen.
O senador por Mato Grosso do Sul Nelsinho Trad concordou com a visão do líder empresarial. “É muito salutar a fala do presidente da Fiems, Sérgio Longen, de que há que se ter um entrosamento perfeito entre as aduanas dos países envolvidos na Rota. Do contrário, vamos perder o tempo ganho com a distância reduzida. Esse é um desafio que todos nós temos de ter pela frente”, afirmou o parlamentar.
Longen também comentou sobre as oportunidades de negócio geradas a partir da Rota Bioceânica e como o Sistema Fiems tem se preparado para auxiliar o empresariado a aproveitar os benefícios dessa integração econômica.
“Em maio vamos inaugurar o nosso Observatório da Indústria, que terá condições de fornecer todos os dados que o empresário precisa para tomar decisão e conhecer as potencialidades desse corredor. Com essa ferramenta, vamos auxiliar os empresários na busca por oportunidades claras para a indústria sul-mato-grossense, seja na importação ou na exportação”, concluiu o presidente.
Desafios além da infraestrutura
Anfitrião do encontro, o chefe do executivo sul-mato-grossense, Eduardo Riedel, agradeceu a presença de seus pares dos países vizinhos e também de representantes diplomáticos.
Para o governador de Mato Grosso do Sul, o sucesso da integração logística passa pelo entendimento entre as nações envolvidas.
“Os países terão desafios muito grandes pela frente. Foi dito que a integração física era o primeiro passo, e que a integração digital é fundamental. Mas a fluidez dessa rota no mesmo nível que as relações estão se estabelecendo, de fraternidade e aprendizado uns com os outros, é um desafio para as nossas diplomacias”, declarou Riedel.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o governo do presidente Lula garantiu recursos necessários para a conclusão das rodovias, ferrovias, portos e comunicação alfandegária que fazem parte do projeto Rotas de Integração Sul-Americana.
“Estamos no momento certo, as coisas acontecendo, as obras necessárias já estão em processo de execução. A logística é o meio para se alcançar o fim, por meio de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos. Junto disso vem segurança de fronteira, alfândega, Receita Federal, isso tudo está no pacote. Fizemos uma comissão interministerial com 15 ministérios, então os ministros já sabem as tarefas e já estão programados para, em tempo certo, dar as respostas necessárias”, afirmou a ministra.
Uma das obras que simbolizam a Rota Bioceânica no Brasil é a ponte sobre o Rio Paraguai, unindo as cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai. A previsão é de que as obras sejam entregues até o final de 2026. No país vizinho, as obras ao longo da rodovia seguem em ritmo acelerado, como detalha o embaixador do Paraguai no Brasil, Juan Ángel Delgadillo.
“Falta o último tramo da estrada que vai unir Carmelo Peralta a Pozo Hondo, que é o limite com a Argentina. A ideia é que a ponte e a estrada estejam prontas ao mesmo tempo. Tudo está sendo feito com orçamento próprio do governo do Paraguai”, explicou o embaixador.
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O evento reuniu empresários e autoridades governamentais de Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, além de cerca de 1,6 mil participantes, vindos de 22 países das Américas, Europa, África e Oceania. A programação conta com painéis, reuniões técnicas e rodadas de negócios. As atividades ocorrem entre os dias 18, 19 e 20 de fevereiro.
O Seminário Internacional da Rota Bioceânica e o 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico é uma realização do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), com apoio da Fiems, Sebrae, Energisa e Águas Guariroba.
Fonte: FIEMS