No 14º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, Simone Tebet destacou os potenciais de crescimento subcontinentais.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participou nesta terça-feira (28/01) do 14º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, em Brasília, onde ministrou Palestra Magna sob o tema “A engenharia por trás das Rotas de Integração Sul-Americana”.
A ministra destacou que as rotas vão contribuir para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e sul-americanos; ampliar intercâmbios e laços culturais com os países vizinhos; além de reduzir a distância e o tempo de viagem do comércio realizados com a Ásia. “Desenvolvimento, emprego e renda. Isso é exatamente esse objetivo desse projeto”, declarou a ministra.
Tebet ressaltou a importância do projeto “Rotas de Integração Sul-Americanas”, ao mostrar potenciais, como a de ampliar a até agora tímida interação intrarregional na América do Sul, representando apenas 15% das operações de comércio exterior dos países do subcontinente, havendo espaço para ampliar esse indicador. Na Europa, por exemplo, o comércio intrarregional alcança a marca de 62% do total.
“Temos 200 milhões de sul-americanos à nossa disposição e eles têm 200 milhões de brasileiros à disposição deles, mas o Brasil está de costas para a América do Sul, assim como a América do Sul está de costas para o Brasil. Quem perde é o povo brasileiro. Quem perde é o povo sul-americano”, afirmou Simone Tebet.
A ministra do Planejamento mostrou, ainda, a mudança ao longo do tempo, do destino das exportações brasileiras. No ano 2000, os Estados Unidos eram os principais compradores dos produtos brasileiros. Em 2023, a China foi o principal destino. Desta forma, a integração do Brasil com os vizinhos facilitaria acesso a portos do Oceano Pacífico, barateando as vendas para a Ásia. “Estamos falando em diminuir a distância em 10 mil quilômetros”, pontou Tebet, ao explicar que o encurtamento dessa rota rumo à Ásia agregará competitividade aos produtos brasileiros.
Por outro lado, entretanto, a América do Sul tem se firmado como o segundo principal destino das exportações brasileiras, com o Brasil vendendo mais para o Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai do que para países como Alemanha, Portugal, Reino Unido e França. Em 2023, as exportações totais do Brasil alcançaram o recorde de US$ 339,7 bilhões. As economias da América do Sul, juntas, compraram do Brasil quase US$ 43 bilhões, 13% do total, detalhou Simone Tebet.
E há importante diferença entre as remessas brasileiras destinadas à China e aos vizinhos sul-americanos. Das exportações brasileiras para a China, 2% foram bens industriais. Para a América do Sul, 85% se enquadraram nessa categoria, com maior valor agregado, mais empregos formais e salários mais altos.
Histórico
A ministra destacou que o projeto das cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano surgiu como uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Iniciativa gestada desde o Consenso de Brasília, que reuniu líderes da América do Sul no dia 30 de maio de 2023 na capital federal, que marcou a retomada da agenda da integração regional.
O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) desenhou as cinco rotas após consulta aos 11 Estados brasileiros que fazem fronteira com os países da América do Sul. As rotas têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia. Também já foram promovidos debates e reuniões com autoridades dos países da América do Sul e de bancos e instituições de financiamento.
Rotas de Integração Sul-Americana
Rota 1 – Ilha das Guianas Roraima, Amazonas, Pará e Amapá — Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela
Rota 2 – Amazônica Amazonas – Colômbia, Peru e Equador
Rota 3 – Quadrante Rondon Acre, Rondônia e Mato Grosso — Peru, Bolívia e Chile
Rota 4 – Bioceânica de Capricórnio Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina — Paraguai, Argentina e Chile
Rota 5 – Bioceânica do Sul Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Uruguai, Argentina e Chile
Entre os mais de 9,7 mil projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), foram identificados 190 com potencial de contribuir com a integração regional. São esses os projetos que passaram a integrar a iniciativa das Rotas de Integração Sul-americana, conduzida pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), oficialmente apresentada ao presidente Lula em novembro de 2023. Em maio de 2024, a missão foi reforçada, a partir da publicação do Decreto nº 12.034/2024, que instituiu a Comissão Interministerial para a Infraestrutura e o Planejamento da Integração da América do Sul.
O “Rotas de Integração Sul-Americana” conta com projetos em obras hidroviárias (40). aeroportuárias (35), portuárias (21), rodoviárias (65), infoviárias (15), ferroviárias (9) e linhas de transmissão de energia elétrica (5).
Os projetos contemplados pelo “Rotas” contam com financiamento para iniciativas e projetos. Para os países vizinhos, destaque para linhas oferecidas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Corporação Andina de Fomento (CAF) e do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). No Brasil, o alavancador do crédito é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), exclusivamente para iniciativas em território nacional. No total, essas ações de apoio ao desenvolvimento regional contam com um potencial de crédito de US$ 10 bilhões, mostrou Tebet. No Brasil, a iniciativa conta também com recursos orçamentários.
O 14º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, promovido pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), está sendo realizado entre 29 de janeiro e 2 de fevereiro, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Confira a palestra da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, no 14º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua: https://www.youtube.com/live/6AXvv5AcWgo?si=2K0kH5aCWcsMsZ-D