Estudos apresentados nesta sexta-feira (10), na governadoria, por representantes dos Ministérios das Relações Exteriores e da Infraestrutura e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comprovam a viabilidade da Rota Bioceânica Rodoviária, que deve impulsionar o comércio brasileiro. Entusiasta do projeto, o governador Reinaldo Azambuja afirmou que a rota é a concretização de um sonho que fará o Brasil ser um país muito mais competitivo.
O governador explicou que a conclusão da rota atenderá uma demanda crescente de produtos produzidos em Mato Grosso do Sul. “Entendo que a integração vai proporcionar competitividade ao Centro Oeste e ao Brasil. Um dos grandes gargalos do Brasil é a logística e a demanda por alimento é crescente no mundo e principalmente nos países asiáticos”, afirmou.
Para o ministro João Carlos Parkinson de Castro, da Coordenação-Geral de Assuntos Econômicos Latino-Americanos e Caribenhos, do Ministério das Relações Exteriores, as rotas bioceânicas irão transformar Campo Grande em um entreposto importante, mas a cidade precisará se preparar. “Tem que melhorar o aeroporto, não só para carga, mas com voos diretos para Antofagasta [Chile]. Hoje tem que fazer três escalas e leva 17 horas para ir até lá. E precisamos de depósitos de carga. Mato Grosso do Sul tem que aproveitar essa posição central na rota”, exemplificou.
Na avaliação do secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), a concretização da rota Bioceânica, que já está em andamento, é irreversível por baratear o custo e encurtar o tempo do transporte. “O Chile já está fazendo suas obras, a Argentina fazendo obras para integrar o norte daquele país, o Paraguai também e o Brasil integrando todo o Centro-Oeste brasileiro. É uma realidade. Com as obras já iniciadas, podemos dizer que a rota não tem retorno. Ela vai ocorrer. Cabe a nós a potencialização, mostrar ao Brasil, atrair investimentos porque claramente já é uma realidade. Vamos conseguir realizar esse grande sonho, ligando Atlântico ao Pacífico de maneira competitiva e integrando todos esses países”, disse.
Verruck destacou ainda que a rota Bioceânica é de interesse de todos os países envolvidos. “Nós temos condições em cada um desses países para que se tenha competitividade. O que quer dizer competitividade? É a capacidade de você pegar um produto em Mato Grosso do Sul e leva-lo mais barato até a China do que pelo Atlântico. Esse é ponto fundamental e hoje isso está provado. Lembrando que o Brasil hoje é um grande exportador para o mercado asiático. O que talvez a 20, 30 anos era uma perspectiva, hoje é uma verdade”.
Apesar de obras pelo trajeto já estarem em andamento, como a ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta (PY), as tratativas continuam para garantir que elas sigam o cronograma. De acordo com Verruck, Campo Grande irá sediar em agosto uma reunião com representante de todos os países; uma audiência no Senado Federal vai tratar de recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit); e o governador Reinaldo Azambuja terá uma reunião sobre o assunto com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Transformação de Porto Murtinho
De acordo com o prefeito Derlei Delevatti, a rota Bioceânica já está transformando Porto Murtinho, atraindo o interesse de empresários em investir na região. “A visão da rota para Porto Murtinho é uma transformação completa. Estão vindo indústrias, empresários já estão nos procurando. Porto Murtinho era considerado fim de rota. Agora é meio de rota. Tem que vir o desenvolvimento e temos que nos preparar. Nós ganhamos a Mega-Sena. Porto Murtinho ganhou a Mega-Sena porque era uma coisa totalmente isolada, esquecida e, de uma hora para outra, nós ficamos no meio de uma rota muito importante que vai transformar o comércio mundial e tenho certeza de que nos próximos anos vamos usufruir desse prêmio”, disse. O Corretor Bioceânico Rodoviário terá 2.396 quilômetros, passando por Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Fonte: ms.gov